Becket, o favorito do rei 1964

Thomas Becket era um indivíduo ambicioso e talentoso que se destacava pela sua inteligência e sagacidade. Por anos, ele serviu o rei Henrique II como conselheiro íntimo, apoiando-o em questões políticas e administrativas. Sua lealdade inabalável e seu sucessivo avanço no círculo de confiança do rei fizeram dele um dos amigos mais próximos e mais queridos do rei.

No entanto, essa amizade sofreu uma reviravolta dramática quando Becket se posicionou contra as reformas da Igreja que Henrique II estava promovendo. Especificamente, ele se opôs às Constituições de Clarendon, uma série de leis que visavam limitar o poder da Igreja e ampliar a autoridade real sobre os bispos e padres. Becket, que se tornou o arcebispo de Cantuária em 1162, viu nessas reformas uma ameaça ao poder e autonomia da Igreja e decidiu se opor a elas.

A partir desse momento, a amizade entre Becket e Henrique se desfez completamente. O conflito entre os dois líderes se intensificou e o rei ficou cada vez mais irritado com a obstinação de Becket em se opor às suas ordens. Em 1164, as tensões chegaram a um ponto crítico quando o arcebispo foi julgado e condenado por traição pelo próprio rei. Becket fugiu para a França, onde permaneceu exilado por seis anos.

No entanto, em 1170, a situação mudou radicalmente. O papa Alexandre III, que se opunha às Constituições de Clarendon, excomungou os bispos que as haviam apoiado. Henrique II ficou furioso com a decisão do papa e, em um acesso de raiva, teria dito: Ninguém me livrará desse padre insolente?. Essa frase foi interpretada por quatro dos cavaleiros do rei como uma ordem de matar Becket. Em 29 de dezembro de 1170, enquanto o arcebispo celebrava a missa na Catedral de Cantuária, os cavaleiros adentraram o templo e assassinaram Becket com várias cutiladas.

O assassinato de Becket chocou a Inglaterra e enviou ondas de choque por toda a Europa. O arcebispo rapidamente se tornou um mártir para a Igreja e muitos começaram a venerá-lo como um santo. Embora Henrique II tenha sido obrigado a se retratar publicamente pelo assassinato de Becket, o dano já estava feito. A tragédia marcou o fim definitivo da parceria entre a coroa e a Igreja na Inglaterra medieval e marcou o começo de uma era de tensões e conflitos entre os dois poderes.

Hoje, a figura de Becket continua a ser lembrada como um símbolo de coragem e bravura, bem como um exemplo da importância da separação entre Igreja e Estado. O assassinato dele é frequentemente lembrado como um dos momentos mais dramáticos da história da Inglaterra e como um ponto de viragem crítico na luta de poder entre os líderes seculares e religiosos.